sexta-feira, 18 de abril de 2008

O Verbo

De que são feitos os beijos
Que teimas em me negar
No mais sóbrio dos ensejos
Quando te vejo ao luar?
Quem pintou esse sorriso
Que primas em franquear,
Da cor que o improviso
Acabou por foguear?
Quem te deu o caminhar
Que mostras exuberante
Se me tento avizinhar
Do teu alento anelante?
Quem assim te edificou
Era das artes mentor,
E por certo que corou
Quando te outorgou o fulgor.
É um discurso genuíno,
Enredado é o seu exórdio
Num português sibilino
Quase em jeito de nó górdio!
Mas eu vou simplificar
Para que possas entender,
Sem teres que me perguntar
O que eu te estou a dizer.
Vou então continuar,
E tu vais bem lentamente
Começar a conjugar
Um verbo que anima a gente,
E que eu passo a enunciar:
Qual é o presente do indicativo
Na terceira pessoa do singular
De um verbo que é transitivo
E dá pelo nome de “amar”?
...
Tens quase a resposta certa,
Não foi preciso pensar,
Nem te deste muito mal,
Mas para ficar mais correcta
Vais ter que lhe acrescentar
O teu pronome pessoal!

1 comentário:

Anónimo disse...

Mais um poema de um grande senhor! Está muito bonito compadre...AMEI
(1ª pessoa do singular do pretérito perfeito do verbo tansitivo "AMAR") LOL

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