Quando o Grande Arquitecto,
Ao canto de um rouxinol,
Construiu o universo,
Deu-lhe o céu como tecto,
E colocou lá o Sol.
Pintou com as sete cores
O arco da aliança,
Para que a chuva ao cair
Pudesse pintar as flores,
Enquanto o vento as balança.
Sendo a Terra tão plana,
Com monótonos horizontes,
Em menos de uma semana,
Criou os vales e os montes.
Como a terra refrescar,
Também estava nos seus planos
Não foi fácil começar,
Mas lá fez os oceanos.
Já que a vida é uma viagem
Que não tem caminhos certos,
Para que existisse a miragem,
Também criou os desertos.
Terminando em perfeição,
Esta obra de valor,
Deu ao homem um coração,
Preencheu-o com amor!
E se tiver sido assim,
Que se construiu a Terra,
Eu tenho dúvidas em mim…
Porque existe tanta guerra?
Se a esperança é uma flor,
Que renasce em cada dia,
Porque existe tanta dor?
Onde está a harmonia?
Em todas estas questões,
Com o seu dito valor,
Há uma que é bem triste.
Todos temos corações,
Mas…
Então e o amor…
Será mesmo que existe?
domingo, 24 de fevereiro de 2008
Então e o amor?
sábado, 16 de fevereiro de 2008
Praia da vida
As coisas simples da vida,
Como os puros ideais,
Estão numa praia comprida,
Nos mais finos areais.
Um raio de sol quente,
A ondulação do mar,
O voo de um parapente,
Uma gaivota a planar,
A brisa que levemente,
A pele vem refrescar.
Um castelo de areia,
Que alguém está a fazer,
Para a água da maré cheia,
Reclamar lhe pertencer.
O riso de uma criança,
Que os pés está a molhar,
No verde, da cor da esperança,
Que me encanta o olhar.
Um búzio bem luzidio,
À luz do Sol a brilhar,
Irá completar um fio,
Para um pescoço embelezar.
São estes simples momentos,
Tal e qual os grãos de areia,
Que alegram os pensamentos,
E tornam a vida cheia.
Esta praia é bem comprida,
Tão extenso é o areal,
Que o mar carinhosamente,
Lhe dedica a sua vida,
Afagando-o simplesmente,
Lavando-o com água e sal.
sábado, 9 de fevereiro de 2008
Esperança
Acordei…
Já largamente corria a madrugada,
Com o meu braço percorro os lençóis,
Encontrando no teu lugar, um frio de nada
E na almofada um fragmento de teus caracóis.
Abri os olhos e olhei…
A luz branca e pura da lua,
Entrava por entre as cortinas da janela,
Iluminando a tua silhueta nua,
Revelando a tua forma e mostrando como és bela.
Contemplando e admirando o teu porte,
De deusa do amor, como Afrodite,
O meu coração bateu mais forte,
Talvez, porque agora ele acredite,
Que afinal e realmente, existe o Norte!
Apesar de respirar o teu perfume,
E de tua presença eu notar,
Mais uma vez, como de costume,
Sonhei que estava a sonhar!
Sem ti, a cama está vazia,
No quarto não há luar,
Vem aí um novo dia,
É hora de despertar.
Mais um sonho desfeito,
Outra noite mal dormida,
Mas a esperança no meu peito,
Com a solidão como irmã,
Enquanto a razão lhe foge,
Diz-me com a sua voz sentida:
Se não a encontraste hoje,
Quiçá talvez amanhã...
domingo, 3 de fevereiro de 2008
Desejos soltos
Partilhar uma amizade,
Um manjar ou um presente,
Chorar de felicidade,
Acariciar um ente,
Escolher com quem estar,
Ser apenas simplesmente.
Deleitar o paladar,
Saborear a vida,
Vivê-la pausadamente.
Beijar uma face querida,
Estar sentado à lareira,
Ruborescer de calor,
Dar a mão à companheira,
E sentir o seu amor.
Narrar minuciosamente,
Um momento à beira-mar,
Sentir-me completamente,
Na vida a flutuar.
No lótus, flor da mente,
Sentar-me em meditação,
Viver no meio de gente,
Que é pura no coração.
Ter vontade de sorrir,
Quando sonhar acordado.
Mais eu não vou pedir,
Estava a ser exagerado.
De tudo o que eu desejo,
Nada tem preço elevado,
Custa tanto como um beijo,
De um casal enamorado!
Pedalando
Às vezes quando pedalo,
Pelos caminhos da vida,
Durante a minha viagem,
Paro e faço um intervalo,
Para contemplar a paisagem
Desta estrada indefinida.
Quando penso estar perdido,
Pergunto-me: - Onde estou eu?
Não me vou dar por vencido
Sem primeiro olhar o céu.
Mas se não encontrar,
O caminho que eu queria,
Por certo vou procurar
Outro caminho, outro dia!
Gosto de fazer subidas,
Em certas ocasiões,
E é bom que sejam compridas,
Para aumentar as pulsações.
Sinuosas e inclinadas,
Por veredas escondidas,
Muito técnicas ou perfeitas,
Fazem de mim, as descidas,
Um aventureiro às direitas.
Quando abuso da aventura,
E o travão não quero usar,
Experimento a cama dura,
Que a terra tem para me dar.
Levanto-me esfarrapado
Pelo chão que me acolheu.
Ainda que tonto e magoado,
Pedalando lá vou eu.
Os “single-tracks” da vida
Não deixam facilitar.
Se não se conhece a descida,
Mais vale ir devagar!
Mas se caíres porventura,
Quando alguém te magoar,
Levanta-te que a vida é dura.
Não pares de pedalar!
sábado, 2 de fevereiro de 2008
As vogais da Amizade
As vogais da amizade
Sem as amigas consoantes,
Não são mais que meras letras
Vazias, insignificantes.
O primeiro “A” é de amigo,
Que nos faz agradecer
A magia dos instantes,
Quando diz: - Estou contigo,
Para o que der e vier!
O “I”, esse é de irmão,
Que mesmo sem ser de verdade,
Nos aquece o coração,
Quando diz que tem saudade.
O último “A”, de repente
Começa a autenticidade,
É claro e transparente,
Não esconde a verdade.
O “É”, mesmo acabando,
Inicia o entendimento,
E enquanto vamos falando,
Concordamos no momento.
Mas sem as três consoantes,
O Éme, o Zê e o Dê.
A amizade, alegre ou triste,
Nem que seja por instantes,
Existe! …
Mas não se lê!
sexta-feira, 1 de fevereiro de 2008
Tempestade
Apareceste de rompante,
Sem respeitar a previsão.
Como uma tempestade quente,
E de força sem igual,
Num pequeno e morno instante,
Sopraste e derrubaste
As muralhas da razão.
Criaste um temporal,
De monotonia inconstante,
Com vento de ocasião,
Sopra… pára … e de repente,
Recomeça o furacão!
Para tentar entender
O que se estava a passar,
Li sobre a chuva e o vento,
Estudei o porquê da seca.
E num simples momento,
Quando não estava a pensar,
Eis que surge a resposta! … Eureka!
Está tudo no teu olhar!
Podes parecer tempestade,
Quando és brisa ou monção,
E sopras para afastar,
Quem não te diz a verdade
E te pode magoar,
Partindo-te o coração.
Consigo ver bem agora,
Tu não és quem queres parecer.
Bastou-me observar,
Para bem te entender.
Sei onde a resposta mora,
É mesmo no teu olhar!
Acerca de mim
- Blue Dreamer
- Leiria, Portugal